Do Última Hora SP - 09h:27 - Atualizado às 09:48
Paulo Eduardo Dias
*
A
maioria dos apenados mortos na Casa de Detenção, havia nascido em
São Paulo e no interior do estado mais rico do país. Muitos outros,
por diversos estados do Brasil. Paraná, Rio de Janeiro e Minas
Gerais, além alguns, que não a região sudeste, onde cumpriam suas
penas. O perfil das vítimas demorou-se a ser traçado, já que a
listagem oficial dos mortos saiu apenas na metade da semana posterior
a ação policial. Segundo publicação do jornal Folha de S. Paulo,
em 8 de outubro de 1992, 42 detentos tinham como local de nascimento
a capital paulistana, 14 eram oriundos de cidades do interior. Da
região nordeste, nove haviam nascido nos estados da Bahia e
Pernambuco, e ao menos um, João dos Santos, no Piauí. De 104
mortos, 84, ou seja, 80% ainda não tinham penas definidas e
aguardavam a seus julgamentos presos. Quase metade tinha menos de 25
anos. Doze presos tinham menos de 21 anos de idade e 39 entre 22 e
25. Ainda entre os mortos, um sofrimento duplo para a família
paulistana Marques. Dois irmãos, Valdemir Marques dos Santos, 24, e
Claudemir Marques, 23, acusados por 12 roubos e dois homicídios
foram mortos. Suas penas seriam cumpridas no longínquo ano de 2058,
mas ambos eram exceções naquele pavilhão, que reunia em sua
maioria réus primários.
Folha Imagem |
Entre
os registros de identificação, pessoas com primeiro nome José -
uma ironia, já que entre os Pm´s, os detentos são chamados de
"Zés" - lideram a lista das vítimas, são 16, entre José
Carlos, José Cícero, José Elias e José Pereira. Outro destaque
são os sobrenomes, ou nomes terminados com o hoje famoso "Silva"
e "Santos", somados estavam no nome de 43 homens do
Pavilhão 9, sendo 26 e 17 respectivamente, como Geraldo da Silva,
Mamede da Silva e Stafano Ward da Silva Prudente, além de Juares dos
Santos, Nivaldo de Jesus Santos e Vivaldo Virgulino dos Santos.
Agência Estado |
Um
dado relevante que merece destaque, e que frequentemente é reclamado
por familiares de presidiários, entidades de direitos humanos e
advogados é o vencimento da pena, sem a libertação do sentenciado,
exatamente o que ocorreu com Osvaldino Pereira Flores, baiano,
segundo seu prontuário no sistema prisional, deveria estar solto,
sua pena de dois anos e oitos meses havia vencido dois anos antes, em
1990. Morreu com tiros no ombro esquerdo, justamente no dia em que
completava 37 anos, em 2 de outubro de 1992.
Próxima publicação ESPECIAL: Carandiru, 20 anos depois - Os armamentos do embate
*Fotos retiradas da internet. Folha Imagem e Agência Estado
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